domingo, 30 de setembro de 2012

Olho-me nos olhos

No silêncio do meu olhar,
Existe uma interpretação do que vejo,
Na boca calada,
Existem palavras a serem narradas,
No nariz sem olfacto,
Existem perfumes a encontrar,
Nos ouvidos surdos,
Existem sons a descobrir
Nas mãos imóveis,
Existem objectivos a alcançar,
Nas pernas estáticas,
Existem caminhos a percorrer,
Na cabeça parada,
Existem pensamentos a move-la,
Na pessoa que sou,
Existe uma personalidade vincada,
Na personalidade que tenho,
Existe a marca de quem sou…

Olho-me nos olhos,
Vendo quem sou,
Olho-me nos olhos,
No espelho onde estou,
Naquele em que vejo tudo parado,
Sentindo tudo em movimento…



Susana V

sábado, 29 de setembro de 2012

De sonho a realidade…

Numa noite tranquila,
Onde no quarto permanecia,
Dormindo sonhando,
Com quem faz dos meus dias, magia,
O amor…

Sonhava que estava dançar,
Quando acordei com um barulhinho,
Sem saber o que estava a tocar,
Para tal barulho fazer,
Decidi levantar-me,
E seguir o barulhinho,
Que me levou
À janela ….

Foi um barulho de uma pedra lançada,
À janela que ilumina meu dia,
Uma pedra enfeitiçada,
Lançada por alguém que me queria dar uma alegria,
Tu…

Na noite estrelada,
Desci as escadas a correr,
Até chegar à tua suave balada,
Que me tendes a oferecer,
Para a minha noite encantada,
A dança…

De baixo mandes te uma pedra,
Para que eu lá de cima,
Desce-se até ti,
Corri e apanhaste-me,
Agora já estamos no mesmo patamar,
Naquele em que nos podemos abraçar,
Beijar e para sempre
Amar…

No patamar do amor,
Aquele em que estamos juntos,
Sem a barreira da distância,
A separar o sonho
Da paixão…

Susana V

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Choro para dentro

Sozinha no meu íntimo
Deixo cair a máscara de ferro
Que carrego

Abro a alma ao papel
Deixo-me relaxar
No sentimento
Que me pressiona

Longe do mundo
Solto o cabelo
Liberto-me da trança apertada
Que amarra as lágrimas da emoção
Que entrelaça os flaches da recordação

Sou uma sensível oculta
Que não consegue sentir
Exposta a olhares

Sou uma sentimental escondida
Que não consegue esquecer
Os mais importantes olhares

Sou uma barragem dura
Que luta para segurar
As lágrimas que teimam em aparecer
No canto do olho
Sensível à inocência pura

Choro para dentro
Inundo o meu coração
De lágrimas salgadas
Provocadas por aquela história alheia
Despertadas por uma saudade pessoal
Tocadas pelo toque no coração
Que me expõem perante mim
Que me corrói por dentro
E me estremece por fim

Marisa V

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Vento cruel


Vento forte
Que sopras na rua
Leva-me as ânsias
Que me perturbam
Deixa-me como essas árvores
A quem levas as folhas
A quem deixas nua

Desnuda-me das preocupações
Sopra-me as duras recordações
Abana-me a vida
Leva-me para onde quero
Traz-me quem eu quero

Vem e leva-me
Faz-me voar
Por esses caminhos
Por onde passas

Deixa-me naquele recanto
Onde do sonho ir
Para poder abraçar
Quem me está a faltar

Oh vento como és cruel
Passas a alta velocidade
Levas tudo o que aparece
À frente do teu vendaval
Deixas-me aqui a ver-te passar
Sem me levares este fel

Fel que me amarga os dias
Passados entre a vontade por saciar
E a saudade por matar

Marisa V

Magia Especial…

O mar é um porto de abrigo,
Para todos quanto sentem a sua magia,
No coração, que o acolhe como amigo,
Dando – lhe a maior alegria,
A sua doce companhia…

É uma magia instalada,
No coração que palpita emoção,
Quando caminha junto a ele,
Molhando seus pés descalços,
Nas noivas do verão,
As ondas …

É uma magia inexplicável,
No corpo que sente sensações,
Quando caminha na areia,
Sentindo cada comichão,
Dos vagos deitados na praia,
Descansando da viagem,
Que os troce até este novo chão…

É uma magia fenomenal,
No búzio que te dá voz,
Aquele que vive perto de mim,
E longe de ti,
Mas que conhece teu cantar,
Que me tende a encantar…

Só um coração aberto para receber,
É que percebe a magia que o mar tem para oferecer...

Susana V

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Tempo da vida...

Vivemos do tempo que a vida nos dá,
Sem sabermos quando esse tempo terminará,
Vivemos do tempo dado,
Sem sabermos o que estará guardado…

Vivemos querendo parar o tempo,
E podermos somente viver a intensidade daquele momento,
Vivemos querendo acelerar o tempo,
E podermos saltar o indesejado momento…

Vivemos escutando o tempo,
O que dita a velocidade da vida,
Vivemos correndo no relógio marcado pelo tempo,
O que dita o tempo que dura a vida…

Vivemos perguntando ao tempo,
Quanto tempo ele tem,
Vivemos sem resposta do tempo,
Porque ele nenhuma tem…

Vivemos gritando pelo tempo,
Por aquele que passa a correr,
Quando queremos que passe devagar,
Por aquele que passa devagar,
Quando só queremos que corra...

Vivemos contando o tempo,
Escolhendo como perde-lo na vida,
Vivemos descobrindo como perder o tempo,
Ganhando sorrisos na vida…

Vivemos distribuindo nosso tempo,
Pelos que merecem tê-lo como presente,
Vivemos dando o nosso tempo,
A quem vive no nosso presente …

Vivemos marcados com relógio da vida,
O que marca o nosso tempo,
Aquele que é demasiado valioso,
E que é dado pela razão da tua existência: a vida,
Aquele que é perdido como preferires,
E que nunca mais te será dado…

O tempo sempre perguntará ao tempo,
Quando tempo terá para aproveitar a vida,
E o tempo sempre responderá ao tempo,
Que cada tempo da vida,
Deve ser aproveitado como sendo o último tempo…

Susana V

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Espelho do Artista...

Arte é criar,
Deixando fluir a imaginação,
Nas mãos que escrevem,
Criando uma canção,
Nas mãos que pintam,
Formando um coração
Nas mãos que moldam,
Originando um jarrão,
Nos dedos que desenham,
Criando poesia apelando à emoção…

Arte é expressão,
Dada pelas mãos,
De quem a cria,
Interpretada pelo coração,
De quem observa...

Arte é o espelho do artista,
Dando o reflexo da sua alma,
Ao espectador que assiste à libertação do artista…



Susana V

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Conquistando a felicidade...

Se me perguntarem, se sou feliz,
Eu respondo, que procuro a felicidade,
Se me perguntarem, o que me traz felicidade
Eu respondo, que é o que me faz feliz,
Os momentos…

Se me perguntarem, se sou feliz com momentos,
Eu respondo, claramente que sou,
Se me perguntarem, o porquê de escolher momentos,
Para ser feliz,
Eu respondo, que são os únicos os que me fazem feliz,
As pessoas…

Se me perguntarem, se sou feliz com pessoas,
Eu respondo, que são elas, que constroem os momentos,
Se me perguntarem, se não os posso construir sem pessoas,
Eu respondo, que só juntos, podemos construir momentos,
A vida…

Se me perguntarem, se sou feliz com a vida,
Eu respondo, que é nela que encontro a felicidade,
Se me perguntarem, se a felicidade só existe na vida,
Eu respondo, que é nela que se encontra a festividade,
A comunidade…

Se me perguntarem, se sou feliz,
Eu respondo, que procuro a felicidade,
Se me perguntarem, onde a posso encontrar,
Eu respondo, que a encontro numa comunidade,
Onde existem pessoas para amar,
Com as quais criamos momentos para marcar,
Uma vida…

Vivo cada dia recebendo o que a vida me dá,
Conquistando momentos de felicidade,
Nunca aguardando uma vida feliz…


Susana  V

sábado, 22 de setembro de 2012

Vida subjetiva

Por trás da porta
Daquela casa tão bem pintada
Há uma família desorientada
Onde cada um vive isolado

Por trás daquele sorriso aberto
Que nos faz parecer que está tudo certo
Há um olhar encoberto
Que grita à procura de afeto

Por trás daquele rapaz forte
Há uma criança desamparada
Um ser sensível
Que sonha ser amado

Por tás de um isto há um aquilo
Nada é tão literal como parece
Tudo na vida é subjetivo

Uma palavra tem mil significados
Por trás do seu significado original

Um olhar vale mais que todas palavras
Mas um olhar não falar
Um olhar não explica

E neste jogo de palavras
Do cheio por trás do vazio
Do vazio por trás do cheio
Até o que primeiramente
É muito fácil de entender
Por fim se complica
E complica-me a mente

Marisa V

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Amor da Graciosa...

Andava eu a caminhar,
Quando vi uma baleia a dançar,
De pequena não tinha nada,
Era muito mas muito pesada…

Esta baleia que eu falo,
Não têm nenhuma simpatia,
Preferia pentear o seu cabelo,
Do que mostrar a sua sabedoria...

Esta baleia chama-se Graciosa,
É muito vaidosa,
Adora maquilhagem,
E detesta fazer uma única viagem…

Gostava de um peixe – palhaço,
Que tinha um carro de aço,
Que se chamava Jeremias,
E tinha um gato chamado Matias…

Grandiosa é a Graciosa,
Que um dia surpreendeu seu amado,
O Jeremias, que por ela ficou encantado,
Ajoelhando-se e pediu-a em casamento…























Susana V

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Abraço de união


Abraço de compaixão
Que tanto se falou
Que tanto originou

Já correu o mundo
Já foi elogiado
Já foi criticado

Foi um gesto tão simples e puro
Num momento de tão complexo inferno
Um gesto tão terno
No meio da luta de revolução

Foi o gesto de alguém
Que percebeu um olhar
Uma vontade que estava a ser contrariada
Pela força de uma profissão

Foi um abraço de união
De quem estava em lados opostos
Na memorável manifestação
Mas dispostos na vontade
De ter um país melhor
Que vigora em cada coração


Marisa V

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Pensamentos múltiplos...

Em pensamentos vagueio,
Pensando em tudo e em nada,
Pensando no tudo que era ontem,
No nada que é hoje…

Em pensamentos penso,
No que ontem preenchia minha vida,
No que hoje apenas penso,
Tendo um vazio na minha vida,
De não ter o que tinha ontem…

Em pensamentos flutuo
No que hoje faço,
No que amanhã farei,
Tendo um pensamento mútuo,
Entre o pensamento e o esforço,
Que um dia farei,
O que meu pensamento tanto labuta …

São múltiplos pensamentos,
Que vão preenchendo meu cérebro,
Aquele que pensa em tudo,
E em nada,
Aquele que pensa hoje,
No ontem…
Aquele que vê o ontem,
Pensa no hoje,
E anseia pelo amanhã…

Vagueio no passado,
Permanecendo no presente,
Querendo flutuar nos sonhos do futuro…

Susana V

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Inveja, maldade


A inveja corrói,
Infiltra-se nas veias
Envenena o sangue
Enche o coração de maldade

A maldade destrói
Torna as pessoas
Incapazes de pensar,
Só conseguem fazer mal,
Só se preocupam com elas mesmas

Fazem mal a qualquer um
Por pormenores
Que só existem na sua cabeça

Fazem o mal sem olhar a quem
Mesmo que esse quem
Sejam pessoas boas
Que tanto já lhe fizeram bem

A inveja tem maldade,
Escondida na sua sombra
Que assombra
Quem é invejado
Por alguém que não se autodestrói
Na ânsia de fazer o mal
Que o corrói

Marisa V

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Quero uma última despedida

Quero uma última despedida,
Quero o adeus que mereço
Não digo para ficares,
Não digo para me amares

Um último beijo
Quente como os primeiros
É tudo o que peço

Não te vou ocupar com devaneios,
Argumentos, para não partires
Só te peço um último momento
A sós

Uma despedida de nós
Para que te deixe partir
Sem ficar a chorar
E conseguir sorrir

Marisa V

domingo, 16 de setembro de 2012

Sorrir por uma vida...

Viver é lutar,
É as vezes perder e por outras ganhar,
É enfrentar as derrotas e as vitorias
Sempre com um grande sorriso!

Porque se a vida é uma completa guerra e conquista,
Está-nos sempre a colocar à prova,
Por isso o sorriso também esta bem presente...
É viver por um sorriso,
É sorrir por uma vida…

Porque se vida só à uma,
Temos que tirar proveito dela,
Aprender com as derrotas,
Alegrar com as vitorias,
Aquelas que são as mais desejadas,
Mas nem sempre as mais alcançadas…

Porque a vida és tu que a crias,
No meio da multidão,
Escolhe as pessoas que preenchem teu coração,
Num cruzar de caminhos,
Escolhe o que te dê os verdadeiros amigos,
Num encontro de estradas,
Escolhe aquela que te conduz às tuas risadas,
Aos teus sonhos…

Porque a vida é só uma,
Esta e mais nenhum,
Faz dela o que queiras,
Colhendo o que semeias…

Susana V

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Era uma vez...


Era uma vez uma gaivota, 
Que voava sobre o mar,
Procurando uma risota,
Da criança que esta a brincar…

Era uma vez uma criança,
Que fazia castelos,
Procurando a esperança,
Tornando os seus dias mais belos…

Era uma vez a esperança,
Que sobre a linha do horizonte nadava,
Procurando a criança,
Que na praia brincava...

Era uma vez a gaivota,
Perdida no ar,
Procurando a risota,
De uma criança que queria alegrar…

Era uma vez a criança,
Perdida na areia,
Brincando sem esperança,
De um dia ser uma sereia..

Era uma vez a esperança,
Perdida no mar,
Procurando a criança,
A quem lhe faltava a vontade de cantar…

Era uma vez,
Uma gaivota perdida,
Uma criança desprotegida,
E uma esperança escondida…

Susana V

Ainda consigo ver-te a sorrir

O teu sorriso ainda não se apagou
A tua voz ainda não se calou
A tua energia ainda não se desvaneceu
Só o teu coração se rendeu

Ainda me despertas aquela emoção
De te ouvir cantar
Aquelas palavras que me emocionam,
Que me fazem sorrir

Sorrio ao me recordar
Do teu sorriso aberto
Que não complicava o que era fácil

É o resumo do teu bem
Esse sorriso dócil
Que me faz acreditar
Nos teus conselhos
No teu bom senso
Sempre tão certo

Sempre tão presente
Apesar de não fisicamente
Ainda consigo ver-te a sorrir,
Ainda consigo ouvir-te a dizer:
Acredita!

Marisa V

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Duas gerações

Duas gerações
Duas personalidades
Uma paixão

Pai e filha lado a lado
Ouvem a mesma música
Ouvida com o mesmo coração
Sentida com diferente emoção

Sabem as letras de cor
Cantam afincadamente
Em coro com o cantor
Que está no palco

O cantor que os une
Canta a música que os une,
A música que passou gerações
Que é ouvida e cantada
Por pais e filhos

E pai e filha gritam bem alto
Por mais uma ou outra canção
Perante a estrela do Rock & Roll
O pai Chico fininho
Que está a acompanhar
A sua filha lado lunar
Unidos pelo concerto que estão a assistir
Guiados por aquela música maluca sempre a subir

Marisa V

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Doce encanto


Beijo quente,
Abraço apertado
Pouco preciso para alcançar
O paraíso por tantos desejado,
Basta ter-te ao meu lado

Espero por ti
Sentada na cama
Espero aqui
Com a ânsia de quem ama

Ama demais
Amo de mais
Quando entras no quarto
E me vens beijar
Onde me perco no teu abraçar

É em ti que encontro
O meu paraíso tropical
Juntos neste nosso canto
Minha doce fantasia
Meu doce encanto

Marisa V

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Teus dedos...

Nossas mãos possuem cinco dedos,
Deixando quatro espaços,
São os espaços vazios,
São espaços criados, por uma só razão,
Para outros cinco dedos,
Completarem os vazios da mão,
Os teus dedos...

Os que enchem o espaço vazio,
Deixado para tu o encheres,
Com amor e ternura,
Enchendo não só o vazio da mão,
Mas também preenchendo o escuro do coração,
Com uma doce paixão...

Espaços vazios nas mãos,
São espaços deixados para outras mãos,
As mãos quentes
Que aquecem nosso coração,
Acendendo a chama da paixão...

Susana V

sábado, 8 de setembro de 2012

Felicidade de Ontem...

Num pedaço de dia,
Entrei num espaço que para mim era alegria,
Que passou a saudade,
De quem um dia teve a felicidade,
De ir naquele ou noutro dia,
Escolher materiais de papelaria…

Caminhei pelos corredores,
Procurando tudo, não querendo nada,
Dirigia-me às prateleiras que ontem,
Foram minhas companheiras,
Davam-me soluções para os meus trabalhos,
Oferecendo-me tudo, querendo que não me faltasse nada,
Para os trabalhos escolares …

Não me contentava, simplesmente a olhar,
Tinha de tocar,
Nos materiais que ontem me davam gozo comprar,
Hoje também me dariam gozo, satisfação a escolhe-los,
Mas não preciso deles,
Não tenho lista de materiais para olhar…
Não tenho professores a pedirem para levar,
Para a escola que também não tenho onde estudar…

Queria ser igual aos outros,
Que passeiam pelos corredores,
Escolhendo canetas, vendo cadernos,
Comprando separadores,
Escolhendo uma agenda,
Para apontarem suas tarefas,
Seus testes, seus trabalhos,
Trabalhos que hoje não faço,
Testes que hoje não realizo,
Estudos que eu hoje deixei descansar,
Para amanhã eu retomar…

Foi um pedaço de dia,
Vivido como uma nostalgia inexplicável,
Onde as memórias surgiram pelos cadernos,
As recordações pelas canetas,
As saudades pelas tintas,
Aquelas que ontem decoravam minha alegria,
Hoje decoram o meu vazio,
O vazio que tenho de não ter o que escrever nos cadernos,
Com as canetas que hoje escolheria
De não ter o que pintar,
Com as tintas que compraria,
De não ter lista para comprar,
Da escola que também não tenho para trabalhar…

Foi um entrar pela porta,
Que ontem era uma felicidade,
Que hoje é uma saudade…

Susana V

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Brilho do teu olhar


Encontrei no céu da tua morada
Uma estrela brilhante
Que ilumina o meu mundo
É a estrela que habita na tua aura
Brilhando com o brilho do teu olhar

Paro por um segundo
Perante esse teu ar
Que me deixa enamorada

Quando surges sorridente
Iluminando-me com a tua companhia
Numa noite escura
Que deixou de o ser
Quando apareceste como por magia

Vais e vens sem avisar
Fico dia e noite perdida
À espera do teu regresso

Sozinha numa rua esquecida
Anseio pela tua companhia,
Sonho em poder voar
Até ti
Para te buscar
E prender-te aqui

Ficarmos juntos nesta rua escura
Aquecendo-nos na noite fria
Acariciando-nos olhos nos olhos
Iluminando-nos sorriso no sorriso

Marisa V

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Hora do reencontro

Um grupo de amigos
Junta-se para matar saudades
Sentam-se à mesma mesa para conversar

Num sítio tão familiar
Contam novidades
Partilham devaneios,
Relembram expressões privadas

Que ao longo deste ano de ausência
Lhes foram privadas do vocabulário
Por não fazerem mais sentido
Sem quem as percebia

E após um ano da despedida
Muito mudou, pouco ficou
O mundo não para e nós também não
O tempo passa
Cada um se reinventa à sua maneira
Adaptando-se a novas realidades

Chega a hora do reencontro
E há uma estranheza por não ser igual
Mas por momentos esquecesse as diferenças
Daquelas estranhas presenças
Outrora tão presentes
Daqueles que fizeram parte da rotina
Hoje vivem nas saudades

Então que esquecem o passado que passou,
Vivem o presente que demorou
A chegar

Aproveitam cada segundo
Para fazer render o escasso tempo
Que os leva numa viagem de ilusão
Ao tempo em que viviam em união

Marisa V

Sabor do verão...

Num dia quente, tu chegas,
Trazendo contigo os sabores que esperávamos,
Os sabores dos frutos frescos,
Aqueles que só tu podes trazer,
Aqueles que tanto amamos,
E só os queremos comer,
Deixando de lado,
Os sabores que tu observes-te com a tua chegada…

O sabor fresco da melancia,
Que nos refresca todo o dia…

O sabor doce dos pêssegos,
Que adoçam uma tarde…

O sabor leve de uma cereja,
Que se saboreia numa manhã…

O sabor quente do morango,
Aquecendo o coração durante todo o verão….

Verão amigo da praia,
Companheiro do sol,
Amante do mar…

Susana V

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Querer sem poder


Só quero ouvir uma música
Mas nada consigo ouvir

Só preciso de umas palavras inspiradoras
Mas em nada me consigo inspirar

Só me apetece chorar
Mas nem as lágrimas me vêm acalmar

Só preciso dum abraço de consolo
Mas tu não estás aqui para me apoiar

Só quero controlar as minhas emoções
Mas nem nelas tenho controlo

Só queria ter e poder
Porque querer é poder

E com todas as minhas forças quero
Mas o poder tarda em aparecer
E querer sem poder
É uma dor que não tolero

Marisa V

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Batimentos perdidos

Tenho um aperto na garganta
Tenho uma dor no coração
É raiva,
É excitação,
É medo,
É sedução

É um turbilhão de não sei quê,
Um olho que teima em estar aberto
Não sei porquê

O sangue quente
Que me corre nas veias
Gela-me os sentidos
No meio do calor de mil e um batimentos perdidos

Tenho a cabeça a andar à roda
Numa roda-viva
De vida parada

Correm a mil à hora
Os sem fim pensamentos
Desacelerando os segundos a horas
Atormentando a espertina
Do sono que foi vivido um dia
Tornando a noite num pesadelo
Entre paredes cheias de recordações
Vazias de sonhos,
Absorvedoras de ilusões

Marisa V

Orquestra ...

O sonho de tocar música,
Leva-me às cordas dançarinas
As que pulam, fazendo música,
Que vibram cada uma, com seu timbre,
Dando cada dançarina,
O seu dom, à plateia,
A sua nota…

Dançarinas são as cordas,
Que dançam ao ritmo da palheta,
Aquela que é a vossa maestrina,
Comandando vossos movimentos,
Impondo-vos regras de dança,
A pequena palheta,
Que grande trabalho faz…

Palheta é a maestrina,
Que faz dançar as suas seis bailarinas,
Mas nesta grande orquestra,
Não há só uma maestrina,
Mas também maestros,
Os pequenos dedos,
Aqueles que não dançam, pulam,
Aqueles que ajudam a maestrina,
Impondo movimentos às cordas,
Não deixam que elas dancem,
Quando tem de ficar paradas,
Assistindo a dança das restantes bailarinas...

As cordas são as bailarinas,
A palheta a maestrina,
Os dedos os mestres da orquestra,
Que juntos construímos,
No palco da viola….

Ontem sonhava,
Por um sonho desejado,
Hoje caminho,
No sonho um dia concretizado…

Susana V

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Casa inocente


Uma pequena chama
Reclama o seu espaço
Aproveita-se do calor e do vento
Para se apoderar daquela mata, daquele pinhal
Tornando uma simples faísca
Num desgastante tormento

Como foi lá parar
Será uma incógnita
Para mais tarde apurar
Se foi por mão de quem não tem coração
Se foi pela natureza mal estimada
E pelo clima atraiçoada

Depressa a pequena chama
Se transforma num incêndio de grandes dimensões
Destruindo o que lhe aparece pela frente
Ameaçando indefesas populações

Aparece sem avisar
Vai-se aproximando rapidamente
Daquela casa inocente

Está lá dentro uma família desesperada
Não sabem o que o futuro dirá
Se aquele inferno lá chegará

Ouvem-se sirenes a apitar
Num tom aflição
Que fala por todos os que vivem tal situação,
É o choro do povo
Que vai ter de começar de novo

Chegados ao local de perigo eminente
Para a família que desespera loucamente
Conseguem acalmar aquele ambiente infernal
Apagando-o naquele local
Deixando a família mais descansada
E num suspiro invadido pelo fumo,
Num cenário queimado pelas chamas
Darem um abraço de força e união
Agradecendo aos bombeiros
A sua salvação

Marisa V 

domingo, 2 de setembro de 2012

Caricatura

Num papel rasgado
Vejo e revejo-me no meu retrato
Caricatura de brincar
Que tem tanto por contar

Foram meses bem vividos
Foram críticas e elogios repartidos
Do momento mais oportuno
Ao mais politicamente incorreto

Desenhado na parte de trás de um caderno
Por entre o sol da primavera
E a chuva do inverno

Longe dos olhares indiscretos
Bem à vista de quem quer ver
Nasceu um novo eu
Inspirado em quem o desenhou

Impreciso ao primeiro olhar
Tão claro para quem o pode presenciar

Tão simples, tão incómodo
Este discreto exuberante
Que é o meu modo
Em caricatura estonteante

Marisa V

sábado, 1 de setembro de 2012

Anjinho...

Nos braços da tua mãe dormias,
Quando te vi pela primeira vez,
Eras pequenininha só dormias e comias,
Foste um anjo que caiu de um só vez,
Nos braços da tua mãe,
No colo de que te quem te ama…

Foste um bebé inesperado,
Que caiu no berço da tua mãe,
No colo da tua família...

No teu berço, parecias uma pequena formiga,
Na tua roupinha, parecias uma lagartinha,
Dançavas sem parar,
Até à altura de te cansares,
Ou a roupa tirares…

Eras pequenininha,
Um bebe frágil e indefeso,
Sempre uma bonequinha,
Bem-disposta,
Espalhando alegria,
Por quem te dava colinho…

Hoje continuas a ser um anjinho,
Não tão pequenino, mais crescidinho,
Continuas a espalhar alegria,
Hoje não só a quem te dá colo,
Hoje a todos quando se cruzam no teu caminho,
O caminho que hoje já percorres sozinha…

Hoje continuas a ser a minha bonequinha,
Que para além dos ganchinhos,
Hoje já te arranjas com badeles e fitinhas,
Hoje já és maior que as tuas bonequinhas…

Hoje já não pareces pequena no teu berço,
E nas roupas não danças,
Danças com as roupas,
No berço que é teu palco,
O palco das bailarinas,
Que dançam encantando,
Quem vê amando,
A bailarina de coração…

Cada dia que te vejo,
Cada descoberta que encontro,
Uma palavra dita, uma frase feita,
Uma brincadeira nova, uma resposta dita,
Um sorriso igual ao do primeiro dia,
Uma felicidade ganha a cada dia...
Que sou espectadora da dança da minha bonequinha…

Anjinho serás sempre,
Na minha vida,
Que entras te e jamais sairás,
Fechei-te no meu coração,
Com a chave da felicidade que me deste …

Susana V