Vejo o mundo a viver
Pessoas a correr de um lado para o outro,
Carros, comboios e tudo o mais
Vejo vida desperdiçada
Na correria do dia à dia
Sem lhe ser dada o devido valor
Pessoas passam pela vida
Como passam por mim
Desviam-se do que acham insignificante
Desviam-se e só olham de raspam
Quando algo lhe incomoda
E é obrigado a olhar
Eu estou aqui só
Sentado no chão
A esticar-te a mão,
Mas como me podes ajudar
Se nem a ti te ajudas?!
Eu estou aqui só
Desprezado a um canto,
Mas como me podes dar atenção
Se até a ti desprezas
Nessa tua correria,
Nessa tua monotonia infeliz
A que chamas viver
Eu também fui assim
Andei de um lado para o outro a correr
Sem valorizar o que de melhor tinha,
A minha família, a minha casa
A minha vida para lá do trabalho
Mas um dia tudo acabou
O trabalho desapareceu
E tudo o resto se desvaneceu
Na vida que nunca vivi
Fiquei sem casa, sem nada
A família?! Essa há muito que estava abandonada
Sem bem dar por isso
Abdiquei dos que me rodeavam
Abandonei-me a mim próprio
Hoje estou aqui
No meio da rua
Peço a tua ajuda,
Uma só moeda,
Um só sorriso
Mas não te olho,
Não quero ser reconhecido,
Não quero que vejam os meus olhos
Inchados de lágrimas
Envergonhados desta forma de vida,
A última opção de qualquer um,
A única opção vinda do desespero!
Marisa V
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