domingo, 8 de julho de 2012

Ímpar unido

Entro em casa sozinha
Acompanhada de doces recordações
Olho em volta e tento-te encontrar
Mesmo sabendo que não vais lá estar

Largo as minhas coisas
Para ficar mais leve
Como que a tirar o peso que carrego
Desde aquela tua partida
Já planeada mas não esperada

Subo as escadas meio a arrastar
O passo que não quer voltar
Àquele que foi o nosso ninho de amor
Onde me aqueceste com o teu calor
Durante curtas horas,
Pequenos momentos intensos, intermináveis
De escassos dias
Vividos numa fantasia

Chego ao quarto cansada
De carregar todo este fardo
De querer e não ter,
De querer saber e não saber
O que tudo aquilo significou para ti,
Conseguir explicar o que eu senti

Deito-me na cama
Agora tao grande, tão vazia
Sem a tua presença,
Sem o teu corpo unido ao meu
Juntos num só ser
Pelas carícias,
Pelos beijos,
Pelos sorrisos,
Pelos olhares,
Pelas palavras,
Pelos silêncios
Pormenores que não consigo esquecer

Levanto-me, abro a janela,
Preciso de apanhar ar
Sinto-me a sufocar
No meio de tantas memórias
De tão pouco tempo

Vou para a varanda
De onde posso ver o mar
Que tanto me ajuda a acalmar

Parece que estou a viver
Num sonho tumultuoso
De onde não há hora de acordar

Preciso de ti aqui,
Preciso que me acordes,
Preciso de te sentir,
De te tocar,
De te cheirar…

Oiço-te!
Sim, também preciso de te ouvir

Ai, parece tão real este sonho,
Essa tua voz a chamar-me,
A dizer-me para te seguir,
Para te abrir a porta do meu coração

Não!
Não é um sonho
É mesmo realidade
Tu voltaste e agora chamas-me

Não estás só no meu pensamento,
Estás a minha porta a gritar por mim,
Voltaste para me acordar
Voltaste por ti, para mim, para nós

Queres voltar a acender a chama
Intensa que ardeu tanto e tão rápido,
Queres soltar uma labareda sem fim,
Queres apoderar-te de mim,
Ser a minha melhor metade,
Sermos um ímpar unido
Neste mundo de pares repartidos

Marisa V 

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