Vivo numa praia deserta
Onde só eu e o mar apenas
Lá paramos
Numa praia cheia de pegadas
De e para todas as direções
Deixados por quem lá passou
Vivo numa praia com o mar
E dela não quero sair,
Nasci do mar
E só a ele me entrego,
Só a ele me confesso
São as suas ondas
Que dançam para trás e para a frente
Que me fazem mover,
É o seu cheiro a maresia
Que me faz respirar
Percorro a praia de uma ponta a outra
Seguindo as várias direções das pegadas
Que a marcaram, jamais apagas
Mas no fim do dia
Paro só e deixo-me encantar
Virada para o horizonte do meu mar
Descubro que é este o meu caminho
É onde me quero perder e encontrar
Sou uma livre dependente
Da maré que o mar me ditar
Por vezes sinto-me presa
Bloqueada de qualquer movimento
Apenas posso voar com o pensamento
Junto das gaivotas libertinas
Quando a maré cheia me encurrala
E outras vezes quando a maré esta vazia
Sou a liberdade encarnada no ser humano,
Canto, danço, corro, salto sem pudor
Tenho um mundo a meus pés
E percorro de lés-a-lés
Desfrutando de todo o seu esplendor
Estou timidamente protegida pelas imensas arrimas
Que me são tão intimas
Pela experiência de as percorrer
Com os seus altos e baixos
Talhas das vivências
Que me assombram,
Que me agasalham
Na malhada serrada
Que separa o areal mar
Caminho na corda bamba
Sem certezas de nada,
Conto apenas com as minhas proezas
Para me manter equilibrada
Nas pedras escorregadias
Que aparecem sem avisar
Elevo-me triunfante
Rainha do meu mundo à beira-mar
Numa rocha alta bem segura
Nesta minha escolha de vida
Que perdura
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